Bora racializar as pautas?
Edição nº 14 | Gênero, aborto, racismo, suicídio e desigualdades. Como abordar assuntos que envolvem maior cuidado e atenção?
Você não imagina o prazer que é estar de volta! Haha, brincadeiras à parte, e aí, como cê tá? Aqui quem escreve é a Stéphanie Araújo, e se você já vem nos acompanhando desde o início, viu que eu escrevi a terceira edição desta news. Mas, se chegou depois, sou estudante de jornalismo curitibana residindo aqui em Goiânia, cerradão quente que só!
Tá sabendo que tem mais gente na Redação Virtual? A 6ª turma da oficina Jornalista Independente começou suas atividades na última semana com o Encontrão online de apresentação dos participantes, e agora temos 80 novos profissionais para compartilhar mais desta vida de jornalista que a gente ama (alô, Rodrigo Alves)! Nordeste e Sudeste como sempre predominaram entre a galera, mas, desta vez, também tivemos muitos rostinhos do Centro-oeste e do Norte. De focas (recém-formados) a profissionais com 16 anos de carreira, vai ser gostoso ver essa troca entre eles. Que saudade que a gente estava desse movimento todo.
Mas os veteranos da RV também estão por aí dando o que falar: quatro jornalistas da RV lançaram reportagens sobre questões raciais que precisam ser lidas. Também tá cheio de gente ganhando prêmio por aqui e oportunidade de freela para aproveitar! Então, senta que lá vem história...
RV TÁ ON!
A jornalista Natali Carvalho escreveu para o Projeto Colabora sobre a luta dos indígenas cearenses pelo acesso à educação. A matéria aborda a falta de estrutura e andamento nos concursos públicos para professores indígenas na região. O texto traz a luta de Dourado Tapeba, liderança do povo Tapeba, para conseguir estudar quando tinha 11 anos, e também o despreparo de instituições de ensino para receber a população indígena por conta da falta de valorização cultural.
Na outra ponta do país, Gabriele Maciel conta sobre o Dia do Gaúcho no Rio Grande do Sul e a presença da primeira patrona negra na Semana Farroupilha em Porto Alegre. A reportagem, publicada no Uol Tab, narra o evento que, antes da pandemia, era aglomerado por gaúchos. Além disso, pontua as controvérsias que ignoram a luta de pessoas negras na tradição e nas histórias de uma cultura tão prezada e homenageada no estado. “Sabia que seria difícil e já tô tomando 'porrada''', afirmou Gabriele no grupo da RV sobre as críticas que recebeu após a publicação.
Falando em racismo, a jornalista catarinense Schirlei Alves abordou no portal O Joio e o Trigo o preconceito racial e a xenofobia na indústria da carne no sul do país. Em julho deste ano, o haitiano Djimy Cosmeus foi imobilizado por três seguranças dentro de uma fábrica da BRF. Schirlei aborda as dificuldades dos imigrantes haitianos e africanos, principalmente do Congo e Senegal, com a discriminação racial que sofrem constantemente no trabalho realizado em frigoríficos de Santa Catarina e do Paraná.
Com tanta pauta racializada, a jornalista Géssika Costa, de Alagoas, produziu para a Énois Conteúdo um material incrível sobre banco de fontes indígenas para produções jornalísticas. Mas ela foi além e destacou a necessidade de autocrítica no jornalismo para a representatividade de vozes.
OFF: “Entender e valorizar uma abordagem local são obrigações que todo jornalista precisa ter, sem necessariamente dizer que aquele conteúdo existiu para 'dar visibilidade'. Sou contra quem faz do próprio trabalho uma espécie de espaço marcado pelo nascimento de heróis e heroínas”, afirma a alagoana.
Não satisfeita em entregar TUDO no portal da Énois Conteúdo, ela ainda lançou a braba no Twitter em uma thread com vários manuais de jornalismo para tratar de pautas com mais diversidade, inclusão, consciência e cuidado com o discurso. Os documentos indicam como abordar temáticas como aborto, suicídio, violência contra a mulher, raça e etnia, pessoas com deficiência, infância e adolescência, comunidade LGBTQIA+, entre outros... Tudo para a gente não sair por aí reproduzindo estigmas e desinformação.
É O PIPOCO!
Final de ano sempre tem muita premiação reconhecendo os trabalhos de jornalistas por esse país afora e alguns deles estão aqui na nossa querida RV (surpresa? não estou!). No 1º Prêmio Unbcast de Podcasts Universitários, o ÁudioZap Povos da Terra, do Rogério Júnior, ganhou na categoria Inovação e o Olhares, da Aline Hack, levou a categoria Identidade e Divulgação Científica, além de menção honrosa em Inovação.
Já no Prêmio Robério Nobre, do Amapá, a jornalista Laura Machado ganhou na categoria internet com a reportagem sobre os perigos do movimento antivacina para a saúde pública. Tem também o Cleberson Santos, finalista do Prêmio Jornalista de Impacto 2021 na categoria conteúdos produzidos em contextos periféricos, com a reportagem Crias da Quebrada, para a Agência Mural. E, por fim, mas não menos importante, Alice de Souza é finalista do 43° Vladimir Herzog, com a galera da Agência Retruco, que fez a especial: “Dependências: Fé, dinheiro e voto no tratamento do uso abusivo de drogas no Nordeste”.
ZAPEANDO…
E vamos de oportunidades! O zapeando dessa semana tá focadíssimo no mundinho freela que nós amamos, então cata essa: o portal da Techtudo está aí recebendo pautas, então se você curte tecnologia e tem algo em mente se joga que o site tem editorias para temas relacionados a celulares, tablets, softwares, informática, eletrônicos e até mesmo jogos.
No Uol TAB, você já deve ter reparado que a RV carimba todo mês, mas a Olívia Fraga, editora-chefe, reforçou o convite para que jornalistas de todo o país colaborem com sugestões e matérias, pois o objetivo do portal é se tornar cada vez mais nacional, com visões e assuntos de diversas localidades.
A Folha de São Paulo também está interessada em abranger mais a cobertura para outros estados e fez o convite, através da editora Juliana Coissi, para aumentar o banco de colaboradores. Ela é responsável pelas reportagens de correspondentes e freelancers pelo país e pede sugestões de pautas voltadas para cotidiano e mercado. Juliana também ressalta a necessidade de sugestões para a editoria Dias Melhores, que conta histórias positivas, e o Blog Brasil, que traz “histórias e personagens pelo país afora”. Vale conferir e mandar uma boa proposta!
Mas nem só de freela vive o jornalista autônomo, né? Projetos autorais também fazem parte desse processo, pensando nisso trago uma baita oportunidade que a Abraji lançou. O curso online “Podcast: seu conteúdo para o mundo” realizado pela associação, em parceria com o Podcast "As Amazonas" e a Embaixada e Consulados dos Estados Unidos fecha suas inscrições no próximo domingo (24/10). O projeto é voltado para turmas do Norte e Nordeste do Brasil, com aulas ministradas a partir de Manaus pelas jornalistas Aruana Brianezi, Daniela Assayag e Liege Albuquerque.
Já que estamos falando de projetos autorais, minha última dica por aqui, antes de me despedir, é o artigo do Andy Hirschfeld para o IJNet. No texto, Andy aborda como freelancers podem garantir fontes de receita independentes, destacando a importância da organização financeira para os momentos mais fracos do trabalho autônomo no jornalismo.
Acabamos por aqui. Que delícia estar novamente compartilhando com você essas maravilhas de trabalhos dos meus colegas, mas é hora de dar tchau! Espero que tenha gostado e salvado um monte de trem nos favoritos para ler nas horas vagas (é isso o que eu sempre faço). Se quiser trocar uma ideia ou conhecer meu trampo, vem se conectar comigo lá no LinkedIn.
Beijão e até mais!
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